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quarta-feira, 1 de maio de 2019

                                                     GARÇA - CIDADE SEM ECO?


          Não é à toa que, nas segundas-feiras de Câmara, assisto à Sessão Ordinária até as 22 horas, e saio depressa de volta para casa a fim de ver o programa Roda Viva na TV Cultura ou os altos debates da TV Senado, quando o assunto é política. É como se eu deixasse a província das coisas corriqueiras e voltasse para a metrópole das grandes causas nacionais. Porque a edilidade garcense nos últimos tempos, infelizmente, não ecoa mais na tribuna do plenário os assuntos relevantes discutidos no Congresso Nacional. Ela não ecoa o País.
          Foi depois de ouvir na TV Senado, entre outros, o discurso do senador Paulo Paim, do PT/RS, parabenizando a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Igrejas Evangélicas, Ordem dos Advogados do Brasil, e o Congresso Nacional de Vereadores (Atenção, Câmara de Garça!) e outras entidades por se posicionarem contra as reformas trabalhista e da previdência em discussão no Congresso Nacional, que criei coragem de me dirigir aos nobres Edis de Garça para refletir com eles sobre o grave momento atual.
          Criei coragem sim porque, como gato escaldado de água fria tem medo, em 2013 recebi dos membros da Câmara de então uma Moção de Repúdio pelo simples fato de sugerir, em crônica, aos parlamentares municipais da época, um aperfeiçoamento, a começar com uma capacitação em comunicação. Coisa normal e comum em Casas de Leis com mentalidades individual ou coletivamente mais abertas, mais progressistas. Imagine-se então que punição não me dariam como cidadão disposto a propor o que vou propor agora.
          E o que vou propor agora aos nobres vereadores de Garça? Que nossa Edilidade, por unanimidade, envie ao Congresso Nacional com urgência uma Moção de Repúdio às duas reformas – a trabalhista e da previdência – nos moldes em que está sendo enviada pelo governo golpista de Temer às duas Casas do Congresso, para que sejam aprovadas de afogadilho, sem discussão com a sociedade que vai sofrer as consequências de sua implantação, e por parlamentares comprados com cargos ou com emendas.
          Evidentemente que essa iniciativa seria tomada o mais rápido possível, mas só depois de ser discutida, por exemplo, numa próxima sessão, na parte da Palavra Livre onde cada representante do povo de Garça teria dez minutos para se posicionar a respeito da reforma trabalhista (já aprovada na Câmara Federal no dia 26.04.17 com 296 votos a favor e 177 contra, indo agora para o Senado) e da reforma da previdência em debate no Senado Federal, onde, pelo pronunciamento de Paulo Paim a que assisti, o debate será mais arrastado.
          Se e quando os nobres edis desta Sentinela do Planalto enviarem, ou por unanimidade, ou por maioria de votos, e, se for o caso, até isoladamente e corajosamente em nome próprio às duas Casas do Congresso Nacional, não esqueçam de enviar uma cópia ao senador Paulo Paim/RS que faz questão de ler da tribuna todo manifesto contra as duas reformas do modo como estão sendo discutidas na Câmara Federal e no Senado Federal. Como ele leu o abaixo-assinado de um cidade da Bahia com milhares de assinaturas.
          Pelo menos teríamos aqui um eco do que está sendo gritado país afora, eco a bradar nos ouvidos de nossos representantes federais o inconformismo de um, de alguns ou de todos os vereadores de Garça contra o acintoso crime que está sendo preparado contra os trabalhadores e a população brasileira do presente e das futuras gerações. Junto com o pedido de emenda parlamentar, por que não enviar também ao deputado federal Herculano Passos, favorável na votação à citada reforma trabalhista, uma cópia da Moção de Repúdio?
          Herculano Passos foi bem votado em Garça no ano passado, e visitou a cidade na semana passada. E alguém protestou contra sua posição diante de uma reforma trabalhista que estará levando em breve as relações de trabalho ao regime de semiescravidão, como se estivéssemos voltando ao final do século XIX? Percebeu, meu caro leitor, a contradição em que vivemos? Recebemos algum dinheiro de emenda parlamentar do deputado e simplesmente (porque não há reação de nossa parte à ação do deputado) ele aprova a morte do povo.
          Eis o desafio que lanço aos parlamentares de nossa Câmara: discutam na tribuna as duas reformas (trabalhista e da previdência), posicionem-se claramente contra ou a favor os textos base das reformas, depois de ler os absurdos que contêm e já denunciados pela oposição no Congresso Nacional, e, se houver (e espero que haja) algum vereador sensível ao sacrifício do povo de Garça que as reformas infligirão, enviem uma Moção de Repúdio àqueles que aprovarão a desgraça de gerações de trabalhadores. Haverá eco ao desafio?
          Mas volto de novo ao senador Paulo Paim, que entende de relações de trabalho e é um dos senadores mais respeitados do Brasil nas questões trabalhistas, para provocar também as Igrejas (Católica e Evangélicas) de Garça, especialmente seus sacerdotes e pastores, a ecoarem também com seus fiéis essa discussão nacional nos seus templos, nas suas orientações. E, se for o caso, que façam como a CNBB e Igrejas evangélicas se posicionando contra essas duas reformas objeto de análise e votação no Congresso nacional.
          Se a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (que fala portanto também pelo Bispo da diocese de Marília) e se Igrejas Evangélicas já se posicionaram contra as duas citadas reformas a ponto de o senador Paulo Paim as elogiar no seu pronunciamento, por que, pergunto eu, seus padres e seus pastores locais não leem para o povo de Deus sob sua responsabilidade a posição oficial de seus representantes maiores ou nacionais? Afinal o reino de Deus começa na terra com a luta pela justiça que as reformas vão negar, e se completa no céu.
          Não basta, porém, que os cristãos ouçam, através de sacerdotes e pastores, o que suas entidades maiores e representativas já condenaram nas duas reformas. Isso ajuda a tomar consciência. Mas é importante que as autoridades religiosas das igrejas locais convençam os vereadores de Garça e os deputados eleitos com seu apoio a confirmar de baixo para cima o que a CNBB e autoridades mais altas de Igrejas Evangélicas repudiaram nas propostas das reformas enviadas pelo governo. Ecoem com Moção de Repúdio.
          Só então começarei a acreditar que a sociedade garcense não é mais uma província colonizada pelos espertalhões do voto (que trazem a esmola de emendas parlamentares, mas pelo apoio às citadas reformas derramam o sangue do povo ao votar contra seus interesses) se e quando os seus representantes na Edilidade e seus pastores nas igrejas ecoarem com ousadia, sem medo, a uma só voz, as posições firmes do Congresso Nacional de Vereadores, da CNBB, de Igrejas Evangélicas elogiadas por Paulo Paim.

                                                    
                                                                                                                                                           LETTERIO SANTORO – 14.05.2017

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