Bandeira de LUTA

Bandeira de LUTA
Bandeira de Luta: Democracia Plena a Todos e Todas

RÉQUIEM PARA UMA AMIGA MILITANTE

RÉQUIEM PARA UMA AMIGA MILITANTE

Ao som da Missa em si menor de Bach começo esta homenagem à memória de minha boa amiga e militante política Dalva Porto, falecida na noite de 28 de julho de 2019, aos 67 anos.
Eu a conhecia da Capital, ela esteve em casa, e com ela trabalhei no Centro de Formação Profissional ‘Brasílio Machado Neto, do Senac, no bairro da Liberdade, durante anos da década de 1970. Em conversas com ela tive a exata noção do que será o paraíso na eternidade.
Foi ela também a musa inspiradora da maioria dos poemas de minha coletânea da juventude - ‘Uma canção para Emília’ – que semanalmente estou a publicar agora na velhice, como homenagem à Democracia, perdida no Brasil.
Com a mudança ocorrida no Senac Capital em 1979 nós nos separamos: a Dalva foi para o Sesc da Paulista, e eu fui trabalhar no Senac da 24 de Maio, no Centro. Ela se aposentou no Sesc; eu permaneci no Senac até 1984.
Mas a grande e mais surpreendente característica sobre minha amiga Dalva Porto eu a descobri mais recentemente, bem depois da mudança de minha família para a cidade de Garça, em 1988, na região centro-oeste do Estado.
Tanto em mim, quanto nela ocorreu, da década de 1980 para cá, uma grande mudança: a descoberta da consciência política. Que nos conduziu, por sorte, para a mesma ideologia política: de esquerda, socialista. Que tempos!
Foi em 10.11.2011 o primeiro contato virtual in box. Mas a revelação veio em 07.05.2015: quando lhe perguntei desde quando era sua preferência pelo PT, e ela simplesmente respondeu, dando a razão da sua preferência:
“Acho que sempre, uma vez que sou e sempre fui a favor dos menos favorecidos”. Eis a característica do verdadeiro socialista: a solidariedade. E a partir daí aumentou a minha admiração pela amiga Dalva Porto.
O impedimento de Dilma Rousseff e o governo golpista de Michel Temer agigantou essa alma de fibra, admirada sempre de que “pessoas pudessem mentir tanto e inventar tantos absurdos”. Era da resistência a partir de então.
Na campanha eleitoral de 2018 lutava pela candidatura Lula, mas quando da cassação de sua candidatura, vestiu a camisa do Haddad. E se pôs a criticar por fim o nazifascismo de Jair Bolsonaro e sua equipe desde a eleição em 2018.
Preciso publicar sentimentos de uma amiga de Dalva Porto por ocasião de seu falecimento: ‘Triste, perdi mais uma companheira de luta...Só consigo agradecer, virei PT por causa delas (Dalva e Vera, irmãs desaparecidas em cinco meses), fui à primeira passeata com elas, já que sou Lulista e foi tão emocionante. Apesar da dor, vou continuar a gritar Lula Livre’.
E mais uma citação de amigo entre centenas de sentimentos: ‘Admiração e tristeza por você, guerreira, que sentia na pele a tristeza pelo que se passa no Brasil’.
E, de repente, partiste, amiga e companheira Dalva Porto, sem ao menos sabermos da causa mortis. Sem nos despedirmos. Nem agradeceste, como sempre fazias pelo Facebook, os votos pelo aniversário em 14 de julho.
Não acredito sinceramente ter sido o melanoma metastático a causa de tua morte, segundo me contou tua triste e desolada irmã, que viu morrerem duas irmãs em cinco meses. O melanoma foi a somatização de sucessivas tristezas.
O melanoma metastático pode ter sido a causa imediata. Mas a causa profunda e remota, minha querida, foi o impedimento da Presidente Dilma, a ascensão do traidor Temer, a condenação sem provas primeiro e a posterior prisão do Presidente Lula, depois a eleição e o início da triste era Bolsonaro a tornar o Brasil uma colônia dos Estados Unidos.
Acredito, portanto, que morreste de tristeza, mais do que qualquer doença. Interrompemos assim os poucos diálogos pela internet. Onde está a amiga Dalva Porto? Sumiu? Entrou em êxtase. Perdeu-se em Deus, na dança, no canto e na alegria, em meio aos anjos e santos, depois de muito sofrimento.
Intercede por nós para que Deus nos livre dessa monstruosidade perversa em que nos metemos, e possamos voltar à Democracia a fim de nos desenvolvermos todos, todos, todos, com todas as nossas diferenças.
Descansa, guerreira! Vive para sempre! Continuamos na luta!

Letterio Santoro – 14.08.2019

Nenhum comentário:

Postar um comentário